PARA LER E RELER

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Crônica: Natal, sorriso de Deus!

 
Uma noite como todas: o manto do sol. As estrelas no céu, como sempre, brilhantes. E a solidão, essa companheira de outrora, embala o sono dos pastores.
O sereno cai. A umidade massageia as campinas. Um vaga-lume tenta imitar as estrelas cadentes e risca o céu com sua luz. Tudo dorme. Até as rochas de Belém, de encanto singular, parecem sonhar.
De repente, abrem-se as cortinas do céu. A orquestra de Deus afina seus instrumentos e ensaia sua grande apresentação. Como sempre, irá cantar para Deus, o autor de toda melodia e único expectador na platéia celeste: a ele seja todo o louvor! Mas a ordem é outra: “Cantem para os homens!” O coral não compreende. É ai que percebe que a platéia era os pastores no campo que, embalados pela cantiga das aves noturnas, tomavam por travesseiro o frio. E parece que naquela noite tudo cantava!
No horizonte uma estrela brilhou. No céu uma atmosfera de alegria indizível enche anjos e patriarcas. É proclamado que na terra a vida eterna acabava de nascer e a felicidade acabava de reinar.
Naquele momento, de tanta alegria, o coral não sabe se canta ou chora de contentamento. E que música cantar? Como expressar toda a maravilha que acontece no céu e na terra ao mesmo tempo?
Então, começam a cantar a mais simples canção que já se ouviu no céu, como surgia na terra o mais simples berço, a manjedoura: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra e boa vontade para com os homens”.
O coro ecoou na escuridão. Essa música encheu todo o universo de encanto. Até as pedras pareciam naquele momento ter alma. Então, os pastores acordaram e buscaram o Salvador nascido!
As cortinas se fecharam. O céu ressoava de alegria e vida. Foi ai que se percebeu que Deus sorria. E se ele sorria havia esperança para os homens. Era Natal. Era o sorriso de Deus! Era Jesus Cristo que nascia para nos mostrar que a graça de Deus é melhor do que a vida!
Daquele dia até hoje, no Natal lembramos que Deus um dia sorriu para nós e que novamente poderá sorrir e nos ajudar a carregar a cruz.
Feliz Natal!

sábado, 5 de novembro de 2011

Meu aquário: arte viva, viva arte!



Para os que gostam de aquário e de arte fiz este vídeo. Para os que transformaram seu aquário em arte e sua arte em aquário venha comigo perceber a beleza que os nossos olhos são capazes de produzir e a poesia contida em nossa imaginação ao fazer da simplicidade da vida motivo para agradecer a Deus e para sonhar.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Livro: O coração a Deus - síntese da espiritualidade de João Calvino


O propósito deste livro de minha autoria é levar o leitor à leitura e conhecimento dos escritos de João Calvino. Fiz uma seleção de 100 textos devocionais. Através destes textos, o leitor poderá ter uma síntese da espiritualidade de João Calvino, ou seja, de como ele pensava e vivia a fé bíblica e cristã.
Vendas: reverendo_lucas@yahoo.com.br

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Poderia ser a sua história!


Mensagem que fala que história comparadas de vida. A história dos infortúnios poderia ser a sua história. A história de milagres na vida poderia ser a sua história!
Igreja Vitória/SP.

domingo, 9 de outubro de 2011

A oração faz diferença

Mensagem que resume uma série de mensagens sobre o impacto da oração na vida das pessoas.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO PELA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE


Pela graça de Deus, no dia 21/09/11 às 14h00, defendi a minha dissertação de mestrado em Ciências da Religião pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo (UPM). A banca examinadora foi composta pelo orientador da pesquisa o prof. Dr. João Baptista Borges Pereira, no centro comigo (UMP/USP), pelo prof. Dr. Antônio Maspoli de Araújo Gomes, coordenador do programa de Pós-Graduação (UMP), à esquerda na foto, e pelo prof. Dr. Renato da Silva Queiroz (USP), à direita na foto.
Minha dissertação, intitulada Presbiterianismo no Ceará - perseguição religiosa e busca de tolerância entre 1875 e 1930, procura estudar a perseguição religiosa no Ceará como mecanismo de estigmatização e relação de poder. Nessa realidade, a Igreja Presbiteriana impor uma ação de conquista do diálogo religioso no período de sua implantação e consolidação no Estado do Ceará. Esse é o centro de minha hipótese defendida.
Creio que minha pesquisa é uma contribuição para tornar conhecida a história da religião no Ceará e suas diversas expressões. A presença protestante no Ceará faz parte da história desse Estado e pode contribuir para compreensão, aprofundamento e enriquecimento da história desse povo, cultura e fé.
Minha gratidão a todos aqueles que estão comigo para celebrar a vida nas conquistas e nas derrotas. Isto é história! Façamos juntos!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Utilidade pública: colesterol mal!

Depois de uma conversa sobre colesterol e pressão alta, eu e meu sobrinho de 10 anos colocamos óculos e montamos um rap de improviso para alertar do perigo do colesterol. É super passar férias com família, sobrinhos e irmãos!


* * *
 




terça-feira, 26 de julho de 2011

MENINOS E MENINAS DE RUAS: TRAPOS DO MUNDO?

Eles correm e brincam entre a miséria e a fome. Saltam como se quisessem flutuar por sobre o sofrimento. São os trapos de um mundo sem coração, raça excluída e povo não contado na distribuição do Produto Interno Bruto (PIB)? São ventos? Hoje são vistos, amanhã em qual esquina caiu? Entorpecidos pelo mal dos favorecidos, seu cheirar cola é profético. Cheiram porque não podem usar o paladar: o gosto das fartas comidas das mesas dos abastados! Qual a diferença entre cheirar cola e cheirar dióxido de carbono despejados pelos carros importados que cruzam nossas ruas? O primeiro é particular, o segundo é público. O primeiro vicia, o segundo sufoca. O primeiro mata a fome e engana o estômago, o segundo mata os pulmões e engana a vida! Eu não estou fazendo uma apologia a favor do uso de cola por eles. Qualquer droga é um mal em qualquer circunstância e uma agressão à vida, a estima e ao futuro de alguém. Faço, contudo, uma apologia contra a poluição: da vida, dos afetos, da humanização, das ruas, do ar, da família... (poluição em nome do progresso, da tecnologia, da segurança pública e privada!).
Trapos do mundo: rasgado, espoliado seja pelos olhares, por palavras, pensamentos e atitudes. Trapos que o mundo usou e que agora dispensa. Trapos: roupa velha, suja, remendada... Trapos!!! Eles estão entre os lixos: do nosso olhar, da nossa boca, da nossa vergonha... Estão entre o lixo: nós mesmos! Não sujam, são sujados. Não roubam, são roubados! Nós as colocamos na escola de nossos vícios e, agora, escandalizamo-nos, pois não suportamos olhar para nós mesmos.
Eu fico a imaginar também os diversos meninos e meninas de ruas das casas da fartura. Eles estão nas ruas não pedindo esmolas, mas pedindo drogas e clamando para que um traficante os adotem como filhos, pois são órfãos de um mundo sem filhos e filhas. O dinheiro não gera filhos e nem amor. Novamente alerto ao leitor que não estou fazendo nenhuma apologia e compreendo que também existem pais sem filhos: amaram, sonharam e investiram tudo e, por fim, receberam dor, desprezo e ingratidão!
Eu não sei o que será dos nossos infantes e adolescentes. Sei que a dor é insuportável na alma quando percebo essas crianças e adolescentes morrendo viciados, sem esperança, vazias, mendigando lixo: o lixo da presença maldosa de um traficante e da educação maldosa de nossa sociedade.
Trabalhei coordenando um projeto social em uma favela em Fortaleza na década de 90. Um dia fui confrontado com o desabafo de uma professora (depois de um dia estressado na sala de aula): “Para quê me esforçar? Os meninos irão mesmo para as drogas e as meninas para a prostituição. Essa é a realidade daqui”.
Eu sei que você também pode já ter dito ou pensado isso algum dia. É aí que me ouço fazendo uma oração a Deus: “Senhor Deus, que segurou em seus braços as crianças e as abençoou. Ajude a cada assistente social, a cada professor e a cada pessoa que trabalha com as crianças e os adolescentes. A situação é muito grave e a desesperança edificou o seu domínio de forma tão intensa que os sonhos já estão tornando-se escassos e o coração já desmaiou dentro de nós. Dá-nos forças para, diante dessa realidade, em vez de sermos abatidos, sermos desafiados a continuar esperando, lutando e sonhando. Amém!”.
Eu não quero que os meninos e meninas de rua sejam trapos no mundo. Eu quero que eles sejam a vida, a esperança e a graça do mundo. E as ruas lugar onde é possível brincar de amarelinha e sorrir. Eu sonho que um dia quando, na rua encontrarmos uma criança, e ela vier limpar o nosso carro, e nós respondermos “não tenho trocado” ou “tome um trocado”, ela responderá: “Obrigado, Senhor, mas estamos aqui cumprindo uma tarefa de escoteiro. Essa tarefa é de aprender a servir ao próximo. Aproveite a sua disposição e passe numa loja, compre um brinquedo para seu filho e prepare um imenso abraço para ele”. Que assim seja!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

ESTOU ENVELHECENDO: UMA CRÔNICA!



Dia desses, ao sentar para almoçar falei à minha esposa: “Estou envelhecendo!”. Ela, imediatamente, me perguntou: “Por que você está dizendo isto?”. Então lhe respondi: ''Comecei a contar histórias do que fiz e não mais do que farei''.

Respondi e comecei a “tricotar” com os talheres. Filosofia é a arte de brincar ao redor da mesa e vê nas ''bolas de sabão que a criança se entretém a largar de uma palhinha são translucidamente uma filosofia toda” (Fernando Pessoa). É como a eucaristia. É bela porque é comunhão ao redor da mesa; é comer e beber solidariamente! Ali uma verdade havia dado luz, a saber: a velhice não aparece quando os cabelos estão ficando brancos, mas quando o caderno de anotações dos sonhos não recebe mais tinta. Como disse o pedagogo e filósofo Rubem Alves: “Toda saudade é uma espécie de velhice”.

Não procuro depreciar o passado. A nostalgia também nos faz avançar. Todavia, chega um momento em que a nostalgia torna-se crônica. Não se consegue mais andar, apenas procura-se encasular. Se pelo menos saísse uma borboleta! Mas não. O casulo é uma decida ao túmulo que se constrói primeiramente no pensamento. Prefere-se mais pensar a correr. Depois se prefere a solidão à companhia: o diário é trocado pela biografia! O nosso túmulo encontra-se na biografia. Quem terminou sua biografia, concluiu seu túmulo!

A nostalgia é o início de nossa biografia. Quando ela chega, começamos escrevê-la. Procuramos os antigos amigos, as antigas aventuras e damos nome e graça a toda e qualquer circunstância que recebe uma interpretação (ou acréscimo!) para tornar-se mais dramática, ou romântica, ou engraçada... E começamos a construir o passado! Para isto paramos no presente. Não se pode construir duas pontes!

O passado é nosso túmulo. Sua construção é mortuária. É edificado pela efêmera lembrança que a vida passou e já não pulo como criança e nem brinco de amarelinha. E me vejo túmulo. Como todos. Olhar perdido no horizonte. Olhando para o vazio de um futuro que não se tem e nem se terá. Para o passado não se olha. Ao passado se fecha os olhos. Pressiona-o. O passado não é uma época no tempo é a escuridão da mente. É por isso que fechamos os olhos para não olhá-lo. Para ele não se olha, apenas se finge que não é cego!

Freud disse que os sonhos são os desejos reprimidos. Particularmente, reluto em aceitar essa definição. Sonhos é o resultado das imagens do ontem e que estão ocupando a memória sem função, pois o hoje é uma memorização e não uma re-memorização. Talvez seja por isto que vivemos num presentismo: nem sonhos somos capaz de produzir. Assim, cada vez mais estão escassos os sonhos nas minhas noites, quando antigos amigos me visitavam e eu acordava abraçado pela saudade. Nisso vou a Fernando Pessoa: “E a saudade que me aflige a mente. Não é de mim nem do passado visto, senão de quem habito por trás dos olhos cegos. Nada, senão o instante, me conhece. Minha mesma lembrança é nada, e sinto que quem sou e quem fui são sonhos diferentes”.
Não pensem que a descoberta da velhice é a plenitude do pessimismo. Existe um mistério na velhice: o sol terá que se pôr e a flor murchará! Pelas grades do corpo, a nossa alma se sabe capaz de pular sem pular... O bom é que na velhice sabemos que aquilo que as crianças e jovem fazem sempre foi uma possibilidade para nós e até fizemos também. É tempo de começar a curtir a doçura de uma cadeira de balanço e velar para que descubramos que a vida se respira no divã da saudade que longe estar ser “dor de cotovelo” (inveja).
Creio na ressurreição do corpo, lugar da eterna juventude e da eterna velhice. Aí a velhice será sempre uma poesia, uma gostosa gargalhada entre amigos e uma crônica a si mesma. Tempus fugit!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

EU, FOLHA-PLANTA!


A beleza da simplicidade! Tento treinar meu olhar para enxergar a força da simplicidade e a intensidade das pequenas coisas. Vez por outra me vejo atraído pela singularidade das pequenas expressões da vida e suas lições de vida. Tenho próximo de mim algumas plantinhas. Elas são frutos da criatividade da persistência da vida. A última é apenas uma folha com um broto. Encontrei-a largada, rasgada e deslocada de seu tronco e de sua planta. Na aridez e na carência ali estava ela. Apenas folha, apenas passado...
Abaixei-me para vê uma folha? Não. Abaixei-me para ver a beleza e o encanto da vida através da busca de uma folha em não querer apenas ser folha jogada rumo à morte, mas folha-planta rumo à vida. Para se ter a beleza da simplicidade é necessário se abaixar, deixar de lado a exaltação para brincar com a bolha de sabão que persiste em nos rodear.
A folha que me chamava a atenção não era apenas folha. Era folha-planta! Sozinha e largada à sorte, ela resistia ao reino da morte. Das plantas saem as folhas. Na luta contra a morte, das folhas saem plantas!
Uma folha, que quer ser planta para viver, revelava que a força da fragilidade é capaz de produzir vida e fazer gigantes dobrarem-se à sua beleza de querer viver.
Tomei-a e a fiz habitar num vaso. Vê-se agora que ela, como que sorrindo, abre-se apontando novas folhas. Ela não quer se folha-planta. Ela quer ser planta-folha. Não quer viver na anormalidade: largada, deslocada, jogada à morte e forçada a ser folha-planta (apenas uma busca para sair da morte para a vida).
A folha-planta representa estado de desesperado, a vida no aperto. A planta-folha representa a normalidade, a vida que flui naturalmente. A folha-planta representa mais. Ela mostra que apesar dos apertos e circunstâncias de morte, a vida chama-nos a lutar até a última seiva, até o último suspiro, até o último sonho...
Nem todas as plantas têm a capacidade de se tornarem folhas-plantas. É doloroso ser folha-planta. Mas doloroso é ser apenas folha seca jogada de um lado para o outro e sem a capacidade de resistir a morte produzindo vida.
Todas as pessoas têm a capacidade de serem folhas-plantas. Somos capazes de resistir a morte produzindo vida. Quando vejo uma pessoa jogada ao acaso da vida, fico imaginando se ela sabe de sua capacidade de se erguer e superar obstáculos.
Estou ansioso por ver como ficará minha folha-planta. Haverá o momento em que ela deixará de ser folha-planta para assumir sua verdadeira condição: ser uma planta com lindas folhas. Fico pensando que será mais um trabalho cuidar de mais uma planta na minha vida: um terapêutico trabalho!
As pessoas têm a capacidade de se erguerem. É preciso, contudo, que Deus se abaixe e as conduzam às águas tranquilas de esperança e paz. Deus possui um lindo jardim. Ele foi construído de folhas-plantas: pessoas encontradas a mercê das circunstâncias da vida. Ele as tomou e as plantou em seu jardim. Deus proporcionou as condições necessárias para que elas possam crescer: deu a água da vida (Jesus) e um vaso com os nutrientes necessários (a igreja).
No jardim de Deus têm muitas plantas belíssimas. Nele têm também aquelas que Deus espera vê-las crescer e desenvolver sua beleza. Todas, porém, foram encontradas jogadas à morte. Todas foram agarradas pelo seu imenso amor e adotadas para o seu jardim!
A todas as folhas-plantas é dito: “Não percam a esperança. O amor de Deus as encontrará a tempo de as fazerem belas plantas-folhas”. Resista a qualquer sugestão da morte e peça para Deus plantá-la no seu jardim. Não desista! Creia em Deus. Assim como existem jardins, existe também o começar de novo.
Ser nova planta depende de você ser achado por Deus. O melhor de tudo é que ele o encontrou. Apenas beba da pura água (Jesus) e viva o puro solo da graça e do amor de Deus. O sol vai brilhar, o dia vai nascer novamente. Deus nos ama!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

EU, BOLHA DE SABÃO!


Eu sempre fui atraído pela beleza das bolhas de sabão. Aquelas que as crianças gostam de fazer. Admiro pela leveza contida nelas e por sua beleza caleidoscópica. Filosofia é a arte de encontrar na simplicidade de uma brincadeira de criança um jeito novo de encantar-se com a vida. O monótono será sempre uma brincadeira de gente grande (adultos) que perdeu a criatividade e a poesia e já não consegue parar para o encanto da bolha de sabão. Outro dia vi um adulto chateado com a arte de uma criança que soltava bolha de sabão. Dizia que estava sendo molhado. Mas percebi também adultos brincando com a mesma chuva de bolha de sabão. Nesses momentos dá para perceber quem está amando e quem vive amargurado na vida!
Somos a geração bolha de sabão. Não pela leveza e nem por sua beleza caleidoscópica. Quem dera que fosse por isto! Somos bolhas de sabão pelo seu lado trágico. A bolha de sabão é formada pelo intenso vazio interior e pela incrível capacidade de explosão.
Nós, geração bolha de sabão! Mergulhados num vazio crônico que nos agride e causa-nos perturbação. Existe em nós uma inquietação, desejos incontidos e insaciáveis. De homo sapiens (penso, logo existo) transformamo-nos em homo consumens (consumo, logo existo). Tudo se tornou alvo de consumo - de uso e abuso. Vampiros que estão fadados a viverem a inquietação da sede sem serem jamais saciados em sua existência. Buracos negros que a tudo engolem e destroem!
Geração bolha de sabão! Imensamente vazia e extremamente explosiva! Um simples toque é o suficiente para causar uma explosão de nervos, de temperamento e de egos. Tudo é alfinete na festa de aniversário! As bexigas coloridas e enchidas na expectativa da festa, agora existem sob a fragilidade da existência do alfinete.
Perdemos ao longo dos anos a leveza e beleza da vida e ficamos somente com o explosivo vazio. Esse explosivo é o resultado do vazio. Vazio nascido da certeza de que "tudo o que está próximo se distância" (Goethe). Sim. A certeza de que tudo vai nos abandonando. E, nós, ficamos enraivados porque não dominamos o tempo. A areia corre entre nossos dedos. A ampulheta não pára: a areia cai, a vida se esvai!
É necessário e urgente recuperar a leveza e beleza da vida. Ser bolhas de sabão que se sabe efêmeras, mas se sabe, também, portadora da capacidade de voar  (sem asas) e de refletir o colorido da vida pelo seu corpo. E resgatar, assim, a capacidade de sonhar em qualquer momento ou época. Aqueles que ainda não aprenderam a sonhar haverão de dormir depois de noites e noites de insônia e perceberem a doçura da massagem do travesseiro no rosto e o encanto da escuridão no corpo.
Não importa que a bolha de sabão nasça para explodir no nada. Ela é lembrada pela leveza e beleza. Como dizia o filósofo e pedagogo Rubem Alves quando quis afirmar a força da vida: "A vida, pelo mundo todo, e a despeito da morte que vai comendo corpos, florestas, mares e rios, continua a se afirmar teimosamente como uma planta que nasce numa fenda de rocha".
Se você nasceu entre fendas de rocha (lar sem amor e vida sem valor) ainda é possível viver o sorriso. O dom da vida é mais forte que a dureza das pedras do caminho. O sol vai nascer amanhã e você tem a capacidade de sorrir e jamais isto será tirado.
Bolhas de sabão: você pode ser soprado pelo Espírito Santos de Deus. Na fragilidade de sua vida Deus fará da fraqueza a força, do choro o sorriso e da tempestade um raio de sol. E novamente uma criança soprará e bolhas de sabão se espalharão para todos os lados: é tempo de brincar novamente!